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A série “Adolescência” é um grito de socorro

  • Foto do escritor: EntreLinhas
    EntreLinhas
  • 8 de mai.
  • 4 min de leitura

Live discute questões levantadas pela série e qual o papel da igreja e os dos pais


Um “grito de socorro”. Essa foi a expressão usada pela teóloga Ana Lúcia

Berdicks para definir a série “Adolescência”, que é sucesso de audiência na

Netflix. Ana foi uma das entrevistadas da live do Diálogos de Esperança,

realizada no dia 29 de abril. “Para mim, a série é um verdadeiro grito de

socorro dessa geração, que foi literalmente atropelada pela internet e por todas

as implicações que, principalmente as redes sociais, trouxeram, como o

cyberbullying. Os adolescentes estão vivendo a violência online sozinhos e

sem suporte ou sem uma educação digital”.


O outro entrevistado – o psicólogo Carlos Albuquerque – pontuou que a

desconexão entre pais e filhos cria um vazio que a tecnologia se propõe a

preencher. Para Carlos, falta às famílias a elaboração de um “projeto de vida”

para a criação de seus filhos; algo que ofereça uma jornada a longo prazo e

com propósito. “Nós podemos usar as tecnologias para desenvolver talentos e

despertar vocações. Mas quando o filho não tem uma parceria com os pais,

com a escola ou com a igreja, de fato, a tecnologia acaba ocupando esse

vácuo. As redes sociais e os jogos eletrônicos cada vez mais complexos

surgem e aproveitam esses potenciais, mas dentro de uma perspectiva vazia”,

lamenta Carlos.


Vale lembrar que essa desconexão humana em meio a um contexto tão

tecnológico ganhou ares de tragédia na narrativa da série, considerando o

assassinato da jovem Katie.


O que a tecnologia faz ?

Além de preencher o vazio deixado pelos pais, como disse Carlos, a tecnologia

também produz uma falsa sensação de aproximação. “Como não se sentem

muito ouvidos, os adolescentes têm a enganosa impressão de que nas redes

sociais estão conectados e que muita gente os ouve. E essa sensação os leva

a quererem passar mais tempo nos espaços digitais”, explica Ana. No virtual,

eles também podem editar suas personalidades. “Por exemplo, se o

adolescente é mais tímido no presencial, no virtual ele consegue falar mais

com uma menina. O que vemos a construção de personalidades eletrônicas”.


E a igreja com isso?

Depressão, relacionamentos tóxicos, misoginia, violência de gênero,

pensamentos suicidas. Esses e outros problemas estão da cultura atual na era

digital. Mas o quanto tal realidade faz parte da vida da igreja? “Mesmo dentro

das igrejas, nossos adolescentes vivem numa cultura globalizada e sofrem

influência dessa cultura. A cultura é como um caldo e os adolescentes são

permeáveis a ela. Nós, como igreja, não temos conseguido protegê-los porque

não falamos desses assuntos e não instruímos os pais e as famílias”, diz Ana

Lúcia.

Conectando tudo isso com a série da Netflix, Carlos lembra que nos episódios

não há espiritualidade nas relações familiares. “Me impactou muito a ausência

do relacionamento da família com a espiritualidade, com Deus. Essa família da

série não tem o dia a dia com a sua espiritualidade, não tem o dia a dia com

Deus. É uma desconexão”, afirma.

“O Jamie (protagonista da série) é um subproduto de uma cultura de bullying,

de isolamento social e da falsa noção de que os adolescentes estão mais

seguros na frente de uma tela do que nas ruas. Esse foi um dos pontos mais

impactantes para mim”, sinaliza Ana.


Potencial da igreja

Para Carlos, a igreja tem o grande potencial de criar ambientes para

relacionamentos saudáveis e respeitosos desde a infância. Isso começa nos

ministérios infantis e vai até o fim. A igreja pode demonstrar na prática como

um homem deve se relacionar com uma mulher dentro e fora do casamento.

“Uma igreja que tem um projeto de continuidade: grupos de jovens, onde eles

vão desenvolver coleguismo e amizades, onde poderão perceber os seus

projetos de vida que coincidem, que convergem com outros jovens do mesmo

grupo; a igreja vai criar casamentos com propósitos”.

Segundo Ana Lúcia, a igreja tem em Jesus o modelo maior de uma

masculinidade não tóxica e que não se reafirma apenas pela sexualidade.

“Jesus veio viver entre nós, encarnado. E ele é um modelo da verdadeira

humanidade, mas também da verdadeira masculinidade. É por meio do

exemplo de Jesus que os meninos podem começar a aprender a viver uma

vida plena, piedosa e onde há um domínio próprio. Na sua humanidade, Jesus

ensinou que os homens não precisam de uma via de escape com foco na

sexualidade para viver uma vida plena, mas a gente acaba passando modelos

de masculinidade tão centrados na sexualidade que é quase como se a gente

excluísse Jesus”, critica Ana.

“O mundo só busca o conhecimento pelo conhecimento. A igreja busca

conhecer a Cristo - por ele, com ele, para ele. Com isso, a igreja traz para as

famílias o realce dos significados importantes da vida. Esse é o grande


diferencial: é uma igreja que transmite o projeto de vida que Deus nos traz na

sua palavra”, conclui Carlos.


Próxima live

A próxima live do Diálogos de Esperança está marcada para o dia 20 de maio

(terça-feira), às 19h, no canal da Ultimato no Youtube. Vamos continuar

conversando sobre o tema, mas desta vez com a participação dos próprios

adolescentes.


Como assistir à live sobre a série “Adolescência”?

- No Youtube da Ultimato

- No Spotify da Ultimato.


O que é Diálogos de Esperança

São lives mensais ancoradas por Claudia Moreira e Valdir Steuernagel.


Iniciado em 2020, no período da pandemia, o projeto tem como objetivo

promover, entre os cristãos, diálogos profundos, desafiadores e construtivos

sobre temas atuais - sempre apontando para a Esperança.


Parceiros: Aliança Evangélica, Editora Ultimato, Tearfund, Visão Mundial e

Vida&Caminho.


Confira a playlist do Diálogos aqui.

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