“Pais, acreditem em seus filhos!”, pedem adolescentes
- oientrelinhas9
- há 13 minutos
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Live traz clamor dos adolescentes pela responsabilidade dos pais e da igreja Por Lissânder Dias
O que um adolescente cristão gostaria de dizer sobre igreja, família e mídias
sociais? Este foi o mote da live realizada pelo Diálogos de Esperança na última
terça-feira, dia 20 de maio, no Youtube da Ultimato, cujo tema foi “Adolescentes
falam sobre: adolescência, família, igreja e mídias sociais”. Quatro foram os
convidados: Karys (16), de Recife (PE); Daniel (17), de Londrina (PR); Raquel
(17), de Belo Horizonte (MG); e Jorge (17), de Maracanaú (CE).
Ser adolescente é uma montanha-russa
A conversa durou uma hora e meia e apontou questões fundamentais sobre a
adolescência. Provocados pela minissérie “Adolescência” (Netflix), os
convidados relataram como é difícil enfrentar esta fase da vida, mas também
que há muitas oportunidades.
“Ser adolescente é entrar numa montanha-russa emocional. São muitas
decisões a tomar sem sabermos o que fazer”, disse Raquel. Karys mostrou
como o estado atual das relações exige dos adolescentes mais do que
conhecimento. “Diante da realidade onde tudo é líquido e descartável,
precisamos de boas referências de nossos pais e da igreja”. Jorge e Daniel
concordam. “Precisamos de ajuda para enfrentar o acúmulo de informações e o
sufoco psicológico”, alerta Jorge. Para Daniel, a adolescência é uma fase
extremamente importante, porque estão em uma constante mudança. “Numa
semana eu posso estar pensando algo, mas na semana seguinte eu penso
totalmente o contrário do que eu pensava antes”.
Escola: campo de guerra
Os entrevistados foram unânimes em admitir que a escola não é um lugar fácil.
“A escola é um campo de guerra”, diz Karys. “É um ambiente muito
diversificado. Cada um tem seu próprio mundo, suas próprias crenças e lutas,
seu próprio jeito. É muito desafiador para um crente estar nesse ambiente”,
confessa Raquel. Jorge diz que muitas vezes ele se sente bombardeado na
escola. “As pessoas vêm para o embate, querem criar um debate político em
cima da questão da religião, e muitas vezes a gente vê que ainda há uma
intolerância religiosa nesse sentido por parte dos professores”. Daniel acredita
que o grande desafio do adolescente no ambiente escolar não é se declarar
cristão, mas sim agir coerentemente como cristão.
Ao mesmo tempo, a escola também é um lugar fundamental para anunciar
Cristo. Daniel é um exemplo disso. Ele e outros amigos criaram um projeto
chamado TPU (Todos Por Um): nos intervalos, se encontram semanalmente
para compartilhar do Evangelho. “Em João17.21 Jesus diz para que todos
sejam um. Então, nós nos reunimos para falar sobre Jesus. E é exatamente
isso”, relata Daniel.
Jorge ressalta que, apesar das dificuldades, não podemos desistir. “A gente
segue na fé mesmo, na fé de multiplicar, de fazer grupo de oração, de convidar
para um culto de jovens e levar a Palavra da forma que a gente pode. Em meio
a todas essas dificuldades na escola, eu acredito que a gente não pode parar,
a gente tem que ter fé, persistir e estar firme no que a gente acredita”. Igreja e sociedade
Os quatro adolescentes também não deixaram de falar sobre a igreja e sua
relação com a sociedade. Olhando para a série “Adolescência”, Raquel vê
claramente a falta que a igreja fez na vida das famílias retratadas. “Eu penso
que se Jesus tivesse entrado naquela casa, na vida daquela família, tudo teria
sido muito diferente. Não significa que não teriam dificuldades no ambiente
escolar, entre os colegas, ou até mesmo no relacionamento, na comunicação
entre os pais e o filho, mas poderia ter sido diferente, poderia ter sido mais
tranquilo; talvez não teria chegado naquele ponto. Acho que esta foi a minha
maior reflexão da série: se Jesus tivesse entrado naquela casa, se a igreja
tivesse entrado em cena... tudo teria sido muito diferente”.
“A igreja é um pilar e a Bíblia é norteadora”, afirma Jorge. Ele, que é envolvido
em projetos sociais, ressaltou como é fundamental o envolvimento do
adolescente tanto na igreja quanto na sociedade. “Eu sou um jovem de 17
anos, faço parte da Igreja Evangélica Congregacional Maanaim, e sou um
adolescente muito envolvido em projetos sociais. Então a gente consegue ter a
visão dos projetos dentro da Igreja e dos projetos da sociedade”.
“Na Igreja, nós aprendemos a seguir o exemplo de Jesus, nós aprendemos a
perdoar, a amar ao nosso próximo, a resistir ao pecado, a confiar em Deus, e
tudo isso mesmo quando nós passamos por momentos difíceis”, conta Daniel.
Para Karys, a igreja tem o papel de esperançar. “E aí a igreja vem com esse
papel de esperançar, de dizer que, sim, é possível, de dizer que existe um
caminho e ele é Jesus. A igreja é fundamental: é um abraço enorme e é muito
recompensador ver como Cristo alcança até nos lugares mais difíceis, nas
situações mais adversas”.
Mídias sociais: perigos e oportunidades
Sobre o uso da tecnologia, Raquel lembra de como foi sua experiência durante
a pandemia. “O uso das mídias sociais era a minha forma de interagir com os
meus amigos, com o resto do mundo, né? Mas, realmente, tem muitas
questões negativas que o excesso, a falta de autoconhecimento, eu acho,
interferem muito se a gente usa as mídias sociais e não temos certeza da
nossa identidade, de quem nós somos, de quem são os nossos amigos”. Eu só
fui entender mais no final da minha adolescência, nessa fase que eu estou”.
“A mídia social, é um lugar onde nós, adolescentes, estamos em maior
vulnerabilidade, mas eu também vejo que pode ser uma benção para as
nossas vidas. Eu creio que a rede social, hoje, é o maior meio de propagação
do evangelho que nós podemos utilizar”, diz Daniel.
“Lá na igreja desenvolvemos um projeto anual que chamamos de
‘Desconectados’. Os adolescentes passam um dia inteiro sem os celulares. E a
gente utiliza esse dia para refletir sobre muita coisa, sobre de que forma a
gente tem utilizado o celular, o que fazer sem o celular”, relata Karys.
“Eu participo do MJPOP (Monitoramento Jovem de Políticas Públicas) e
atualmente estamos trabalhando uma temática com um projeto que é o
amplificando nossas vozes digitalmente. Hoje a internet é uma terra sem lei,
não é regularizada corretamente, e os adolescentes muitas vezes estão
vulneráveis, sim. Nós, adolescentes, criamos do zero uma plataforma só de
adolescentes, com cursos de formação, com grupos de bate-papo, para que,
ao entrar lá, ele saiba que tem uma rede social segura”, explica Jorge.
O que você diria aos líderes cristãos?
Karys: “Eu acho que quando a gente fala pra nossa igreja, pra nossa liderança,
eu acho que a gente precisa, enquanto adolescente, a gente precisa ter
espaços de conversa, a gente precisa ter espaços de discussão, espaços de
aprendizado também. Então é muito importante que toda igreja tenha esses
espaços pra que se possam ser discutidos vários assuntos”.
Jorge: “Que eles, além de ensinar a Palavra, possam também falar de temas
cotidianos”.
O que você diria aos pais?
Raquel: “Eu encorajo os pais a procurarem ter a atenção dos filhos, a
incentivarem os sonhos deles e perceberem as necessidades deles, as lutas
deles, mas o mais importante de tudo: estarem lá para eles, porque isso faz
absolutamente toda a diferença. A gente tem um Pai no céu que cuida da
gente, mas para entender o amor desse Pai no céu, a gente precisa ter uma
relação de amor, de amizade com os nossos pais. A gente tem o amor do
nosso Pai no céu, mas ele também deixou os nossos pais na Terra para
cuidarem da gente, para nos ajudarem a passar por essa fase”.
Daniel: “O que mais precisa ficar no coração dos pais é: acreditem em seus
filhos. Porque muito se fala que a geração de hoje é uma geração perdida. Eu
não vejo dessa forma. Pelo contrário, eu vejo que é uma geração que tem
esperança ainda, uma geração que vai mudar mesmo o cenário das igrejas,
que vai mudar hoje o nosso mundo, a sociedade. Mas precisamos de alguém
para pagar um preço por nós. O meu pai sempre fala muito, em algumas
pregações, sobre a diferença entre um vendedor de mapas e um guia. O
vendedor de mapas entrega o mapa e fala: ‘vai e se vira’. Já o guia não, ele te
leva, ele te mostra o caminho por onde se deve andar. Então, pais, por favor,
nós precisamos que vocês. Paguem um preço por nós, para que nós possamos
ser filhos melhores e cristãos melhores!”.
Participantes da live:
- Karys Kalley dos Santos Lacerda, 16 anos, Recife, PE. Igreja Batista em
Coqueiral.
- Daniel Palhão Zemuner, 17 anos, Londrina, PR. Igreja Presbiteriana
Independente.
- Raquel Simões Marotta, 17 anos, Belo Horizonte, MG. Igreja Batista da
Redenção.
- Jorge André de Araújo paixão, 17 anos, Maracanaú, CE. Igreja Evangélica
Congregacional Maanaim.
Outros depoimentos
Os âncoras da live também leram depoimentos de outros sete adolescentes:
- Miguel Venâncio Teixeira de Lima, 14 anos, Recife, PE.
- Marina Chalub Couto, 15 anos, Belo Horizonte, MG.
- Iasmin Moreira Brelaz de Oliveira, 14 anos, Parintins, AM.
- Eduardo, 15 anos, Moema, SP.
- Matheus Losi, 18 anos, Goiânia, GO.
- Lavínea Magalhães, 16 anos, Goiânia, GO.
- Filipe, 17 anos, Curitiba, PR.
Como assistir a esta live?
- No Youtube da Ultimato.
- No Spotify da Ultimato. Próxima live
A próxima live do Diálogos de Esperança está marcada para o dia 17 de junho
(terça-feira), às 19h, no canal da Ultimato no Youtube com o tema “As BETS!
Elas entraram nas igrejas?”.
O que é Diálogos de Esperança
São lives mensais ancoradas por Claudia Moreira e Valdir Steuernagel.
Iniciado em 2020, no período da pandemia, o projeto tem como objetivo
promover, entre os cristãos, diálogos profundos, desafiadores e construtivos
sobre temas atuais - sempre apontando para a Esperança.
Parceiros: Aliança Evangélica, Editora Ultimato, Tearfund, Visão Mundial e
Vida&Caminho.
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